Acredito ter me acostumado
Com essa rotina escrava da solidão
Meu coração é que anda perdido
E eu o vejo em meio a cada vão.
Coleciono segredos de nós dois
Os guardo em todas as gavetas
Eu escrevo os meus sonhos em papeis
E a noite durmo de janelas fechadas.
Risco no novo calendário
Dias que ainda não vivi
Não escrevo mais em meu diário
Coleciono livros que não li
Sigo um relógio que marca as horas
Em que devo dormir e acordar
Tenho um rádio que só funciona a pilhas
Meio dia é sempre a hora de almoçar.
Meu quarto é uma bagunça
Me perco em meio as roupas brancas
As vezes finjo que estou de mudança
Quem sabe assim arrumo as minhas coisas
Acordo cedo para o dia me render
Caminho sobre o sol que me queima
Mas por ele me recuso a morrer
Eu amo perdidamente quem me ama.
Sinto sono mas não durmo a noite
Estudo mais do que penso
Adoro competir com a minha sorte
Um dia serei apenas pele e osso